Sempre escrevi, fiz disso vida e desde que a internet disponibilizou os blogspot.com que passei a alimentar blogs. Escrevia sobre música, sobre a vida, sobre os desamores e em 2007 lancei-me nos blogs de ondas. Como cúmplices, dois amigos, um surfista outro bodyboarder, um jornalista e outro que desde então ganhou "estatuto", online e no Mundo das ondas reais. Os mais atentos saberão que em 2009 estive entre os fundadores do Palavras de Sal, que desde 2010 que por aqui ando e espero que, no que respeita a ondas, nunca mais tenha de mudar de morada.
Não foi minha a ideia de fundar o PdS e não sei, sinceramente, de quem é o mérito. Lembro-me que na altura existiam uns quatro ou cinco blogs, melhores ou piores, mais ou menos actualizados, e que alguém lançou o desafio de nos juntarmos num único endereço. Amadores, profissionais e gente bem embrenhada no meio, fizeram uma mistura de sucesso e no dia em que chegámos aos bodyboarders brasileiros as visitas dispararam. A rivalidade com a Vert surgiu logo a seguir.
Desde a Bodyboard Portugal - que depois foi BB Portugal e Vertical até ser Vert - que colecciono quase todos os números da única revista de Bodyboard nacional, mas há muito que deixei de ser o maior fã do produto. Acérrimo defensor da liberdade de expressão, nunca tive qualquer problema em assumir as minhas opiniões e se nem sempre fui construtivo nas críticas a verdade é que sempre tive a mesma opinião: todos os bodyboarders nacionais deviam comprar a revista. Estou convencido que o PdS ajudou à evolução a que se assistiu nos últimos anos, ajudou-os a perceber a necessidade de terem um site decente, mas sei que nem sempre as regras do fair play foram respeitas. Tenho alguma culpa nisso, mas também não me esqueço de ver bicadas em editoriais e citações de entrevistas feitas no blog sem que o endereço fosse disponibilizado.
Não são meios comparáveis. Um é visceralmente amador e do outro espero sempre profissionalismo. Num procuro as últimas novidades, no outro gostava de encontrar artigos bem pensados e deliciar-me com as melhores fotos dos nossos. Num desculpo "disparates", no outro espero sempre mais. Um presta um enorme serviço à comunidade, mas é nesse campeonato a Vert goleia qualquer blog - algum rider apresenta um post a um patrocinador? Nesse campo, o papel reina e é esse o campo que agora ameaça virar o jogo para os blogspot.com.
Não conheço o editor da Vert, mas sei que não enriquece à custa do Bodyboard. Não conheço a maioria dos actuais escribas do PdS, mas também arrisco que continuam sem ganhar um tostão à conta das mais de mil visitas que o blog tem diariamente. Sei que a vantagem está online. Porque hoje só se fazem revistas por carolice, porque nem os maiores órgãos de comunicação social vivem tempos desafogados e porque fazer um produto em papel que justifique o preço de capa (e o da Vert é absurdamente baixo) é uma missão árdua. É preciso quem escreva bem, quem pense melhor, é preciso ter acesso aos protagonistas, ter dinheiro para comprar as melhores fotos e tudo isso custa dinheiro. Muito dinheiro. Num desporto em que se celebram patrocinadores que oferecem fatos e uma ou outra prancha em troca de autocolantes, num país falido como não há memória há uma revista que resiste e isso será sempre de louvar. A chegar assustadoramente perto das duas décadas de Bodyboard, há uma coisa de que não tenho dúvidas: mais que federações, associações, blogs ou fóruns, foi a revista da comunidade que permitiu que muita gente se mantivesse ligada ao desporto ao longo dos anos.
Abandonei o PdS porque a boa onda se perdeu. Com o disparo das visitas chegaram os atritos, aumentou a responsabilidade e a parada teria, naturalmente, de subir. Confesso que não estive para perder mais tempo com guerras absurdas, que não gosto de caixas de comentários carregadas de filtros e que não gosto de participar em órgãos de comunicação com falhas de critério. Com o PdS tão instituído como bem entregue, segui caminho. Aqui, a vida é mais sossegada e sinceramente não tenho saudades da agitação e para a quota de stress chega o que escrevo no trabalho.
Da próxima vez que a Vert chegar às bancas é certo que a comprarei. Diariamente, continuarei a passar pelo PdS. E estarei sempre a torcer para que ambos, goste mais ou menos do registo, vivam tempos de fartura. Já tenho demasiados anos de Bodyboard para nos imaginar como uma família unida, mas a verdade é que poucas o são e nem por isso, com respeito pelas regras de convivência salutar, deixam de crescer. Sobreviva a Vert a um período que se avizinha negro e consiga o PdS continuar a crescer e o bodyboard só tem de agradecer. Diz União?
Bons Tubos
O bodyboard é um desporto jovem e (ainda) com difícil e escasso apelo às massas, essa é a triste realidade. A primeira abordagem quando um não-iniciado vê BB é: "mas eles não se metem em pé?". Tudo junto ajuda a explicar o baixo investimento, mas não explica tudo... Prometi que não opinava mais em blogues ou sobre blogues de desportos de ondas. Não estou em boa posição para o fazer. Mas subscrevo o que dizes, Cocas, só que não vejo necessidade de "União". Seria agradável a harmonia da tribo? Com certeza, mas os desportos de ondas são egoístas em conceito e acabam por espalhar isso a tudo o que circula à sua volta. Haja autonomia de pensamento, haja liberdade de opinião. Mas a verdade é que há questões muito mais graves do que quem publica o quê e quem cita quem. Temos todos, os que gostam do desporto, preocuparmo-nos com o seu progresso. E esse faz-se com revistas como a Vert (que queremos de boa saúde e cada vez melhor e mais financeiramente robusta) e com blogues como o PDS. Mas é preciso sempre subir a fasquia. Infelizmente, a Vert passa dificuldades, o blogue, lamento, está a transformar-se num repositório de posts sem sentido crítico nem critério noticioso. Houve uma altura em que era obrigatório lá ir para saber o que se passava na modalidade, agora, basta-me ter um facebook bem preenchido. Queremos todos mais e melhor. O TL fala da Vert porque conhece porque é fã e, como tal, quer mais e melhor. Porque é que não trabalham juntos? Se calhar era bom para todos, mas, repito, não estou em posição de opinar.
ResponderEliminarAbraços. Vemo-nos na água.
Cocas,
ResponderEliminarSou brasileiro e sempre visito o PdS e o seu blog. Condordo que apesar de não existir união, deve haver mútuo respeito. Falando em respeito, aproveito para parabenizar pelo post anterior a este, compartilho da mesma opinião sobre o GT. Algo que não consegui compreender foi a Le Boogie colocá-lo em 6o naquela lista dos melhores bodyboarders de todos os tempos. Engraçado que vemos sempre o PLC, Winny, Hardy, Mitch, Kingy, Player, dentre outros a exaltar o Tâmega em várias ocasiões, mas a mídia, especialmente a australiana, não aceita muito o mérito que é dado a ele pelos próprios riders..
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarArthur,
ResponderEliminarIsso só pode ter sido piada. Em segundo, atrás do Mike, ainda vá. Agora qualquer outra comparação é simplesmente absurda. Diria que é da azia. É chato estar sempre a ver os heróis locais a serem aviados pelo mesmo 'zuka'.
Abraço e obrigado pela visita.
Cocas
Sobre o PdS : "o blogue, lamento, está a transformar-se num repositório de posts sem sentido crítico nem critério noticioso."
ResponderEliminar... na mouche, meu amigo !