quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Crescimento

Sou daqueles que acredita que o problema do bodyboard não é bem um problema, mas um estágio de desenvolvimento. O desporto é jovem e procura gente madura, competente e, acima de tudo, procura uma identidade.

O panorama editorial que envolve o BB sempre foi, para mim, um sintoma inequívoco disto mesmo. Publicações com embalagem bonita mas conteúdo adolescente eram mais que uma metáfora do bodyboard, a sua cara. Nem as referências australianas Movement e Riptide escapavam a esta sina como rapidamente me apercebi. Mais, eram o paradigma disto mesmo.

Uma imaturidade dolorosamente óbvia quando comparada com as publicações de surf. Não gosto de fazer comparações, mas estas são inevitáveis enquanto o nosso desporto não atingir a tal maioridade. Mais que isto, creio que, nesta fase, o BB tem muito a aprender com a indústria das quilhas. Também imatura, mas que já está na sua adolescência enquanto o BB ainda mal caminha pelo próprio pé.

Mas há sinais de crescimento. E um deles é a Le Boogie. Já tive alguna exemplares nas mãos e verifiquei que a juntar às boas fotos e grafismo, há ideias, há reportagem, há trabalho pensado e há uma irreverência inteligente e criativa que tão bem se liga à ainda embrionária cultura do bodyboard.

Uma pena que ainda não esteja disponível em banca no nosso país, mas o mercado, como o futebol, é isto mesmo. Mas que há luz ao fundo do túnel isso há.

le BOOGIE Issue 5 from le BOOGIE on Vimeo.

5 comentários:

  1. Concordo contigo Charles muitas vezes falta o conteúdo mais maduro, com mais feeling, com mais análise e reflexão. Mais finais de tarde solitários com linhas bem desenhadas e limpas e menos line ups crowdeados cheios de flips e contorções. (In)Felizmente esse tipo de conteúdos aparece ocasionalmente na forma de uma crónica bem escrita, ou de um report de viagem efectuado por alguém com o "dom". Nos filmes para mim o Micky Smith é uma referência dessa forma de apresentar BB (ou não fosse o ABC o meu filme preferido). Quando ao LE boogie, não conheço, não fosto de encomendar sem ver primeiro. Gostava mesmo era de comprar na papelaria do Cascais Shopping :).

    Ricardo

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  2. grande edição, já vi duas e posso garantir que vale a pena os quase 20 e poucos euros que custa (devido aos portes). revista recheada de boas entrevistas e megas fotos, alias tem mais fotos que sei la o que.. compensa mesmo

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  3. Contra a Vert?? Nada. Aliás, compro todas. Mas posso querer mais e melhor, não?

    Aqui há tempos, por razões que não merece a pena explicitar, disse que nunca mais falaria da Vert, mas como parece que pode criar mais mal-entendidos... cá vai mais uma vez.

    Quando digo que as revistas sofrem de alguma imaturidade nos seus conteúdos, é apenas isso mesmo que quero dizer. Queria uma revista que pudesse ler e que tivesse mais reportagem, mais entrevistas de fundo, mais histórias...é pá...mais. E menos "palha".

    Acho que agarrar em qualquer gajo que surfe e espetar com as suas prosas (sem tratamento) numa revista não é boa solução, por exemplo.

    Depois, acho pouco saudável que o mercado tenha apenas a Vert. Talvez alguma concorência lhe fizesse bem. Mas sei porque é que não aparece. Pelas mesmas razões que me fizeram, em devida altura, congratular quem a faz e, sobretudo, põe cá fora. Eu sei bem o que custa. Acredita, porque já trabalhei em revistas que tiravam esse tipo de números.

    Agora, contra a Vert...nada. Mas quando blogues como o Palavras ou este fazem, efectivamente, concorrência a uma publicação como a Vert... se calhar, alguma coisa está mal, não?

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  4. Partilho da tua opinião Charles.

    Não tenho nada contra a Vert, aliás tenho sim de congratular cada vez mais quem faz que esta publicação seja posta cá fora, e quem promove um continuo crescimento e evolução desta, porque vejamos, a Vert deu um salto evolutivo e qualitativo enorme ao longo dos anos seja em design, artigos de opinião, entrevistas, etc.

    Agora, o que eu tenho de concordar com o Charles é que a nossa (patrioticamente) revista têm ainda um longo percurso a percorrer, têm ainda de crescer em variados aspectos, e como tal, concorrência só seria benéfica para o crescimento desta e do bodyboard português...

    Falando agora da Le boogie (que na minha opinião é a melhor revista de bodyboard alguma vez publicada), penso que esta surge de uma focalização intensa nos erros e nas carências das restantes revistas aussies, colmatando estes e aprofundando matérias textuais sempre com a fotografia como foco principal... Penso que o caminho da evolução das bodyboard mags é este, maturidade na escrita, boas reportagens, fotografias incriveis e talvez a maior falha da Vert actualmente: Variedade. Variedade de riders, variedade de locais, variedade de reportagens, o futuro passa por aqui.

    Boas ondas a todos!

    André

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