terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Promessa Cumprida, by Mr Charles



"O nosso desporto precisa de um Kelly Slater" dizia Nuno Trovão durante os ISA World Bodyboarding Games dominados pelos franceses e com Pierre-Louis Costes a explicar a todos os que estavam ali, em La Guancha, que o seu encontro com a História estava, finalmente, a chegar.

Um encontro que, todos sabíamos seria cerca de um quilómetro à direita de onde estávamos. El Frontón.

A primeira vez que vi PLC foi numa Vert. O rapaz teria cerca de 14 anos e ainda andava de prancha RIP. Um 360 aéreo ofensivo para as leis da gravidade. Um pouco por todo o lado já se ouvia falar do pequeno francês que seria campeão do Mundo.

O talento estava lá, sem dúvida. Mas campeão do Mundo?

Saltemos uns anos. A RIP trocada por uma VS e uma final do Circuito Mundial em Pipeline. Ryan Hardy saíria vencedor mas a manobra daquela final foi um invert gigante do puto francês para Backdoor. Sem medo. Com fome.

A mesma fome expressa numa entrevista filmada na sua França natal em jeito de rescaldo da final: "Ryan já esteve na posição de finalista várias vezes e ele sabia o que fazer para ganhar."

Mais um salto. Pierre ganha no Peru com um backflip numa onda pesada com uns dois metrões. Sem palavras. Afinal, o puto ganha campeonatos. Mas ainda não é um GSS...

Entretanto, Amaury vence o título mundial. Na sombra, não é difícil perceber o misto de alegria e fome invejosa ou inveja esfomeada. O puto foi segundo do Mundo. Mas não chega.

Em 2011, a mudança de patrocinador principal, uma relação sólida com uma portuguesa, a mudança para Portugal. Demasiadas mudanças? O ano não começa bem. Pierre usa e abusa dos backflips sem critério. Os juízes sabem que PLC consegue sacar aquela manobra dentro de um alguidar e de olhos fechados. As notas não saem, os resultados sofrem.

Não, não parecia ser 2011 o ano...

Mas, confesso que nem sei bem onde, Pierre mudou. Os backflips começaram a sair menos. A variedade e a qualidade suplantou a quantidade. O sinal definitivo que algo havia mudado e que o talento tinha amadurecido chegou em Puerto Rico.

Parecia impossível mas esta era a primeira vitória GSS do puto francês. De Puerto Rico, passou ao GQS dos Açores. Vitória. Depois, Canárias. O mapa estava certo. A vontade e o talento também. Vitória com 19,00 pontos na final Open dos World Bodyboarding Games.

Frontón. Mundial IBA GSS.

Jeff Hubbard cai; Ryan Hardy também. PLC passa.

Dia D: Mensagem do local: "10 pés, prós borrados". O palco estava montado. PLC e a História como protagonistas. Jared Houston como figurante.

Mas estava escrito. Os braços estão no ar e as t-shirts saem para fora dos sacos: PLC campeão do Mundo. Festa, lágrimas da portuguesa Rute Penedo. O cheiro de champanhe perpassa as colunas do computador. No meio disto tudo, uma imagem e uma frase:

Um puto de cabelos negros a voar numa RIP azul e larga. "O nosso desporto precisa de um Kelly Slater"



Bons Tubos

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