domingo, 9 de outubro de 2011

Orgulho boogie.

Ao contrário dos Pais ou dos Avós, nós tivemos direito a escola, pão, povo e liberdade. E foram 16 anos de escola. "O que queres ser quando fores grande?" À pergunta a que muitos dos nossos pais teriam respondido "livre", nós já escolhíamos as profissões. Médico, engenheiro, arquitecto, publicitário, jornalista, astronauta, bailarino ou gestor de fundos... as opções estavam todas à nossa mercê. Soubesse eu o que sei hoje, teria respondido: Não quero um país falido. Muito menos quero um Mundo falido.

Já estivemos sozinhos no clube dos sem cheta. Era menos mau. Os ricos, bem comportados, compravam-nos autoestradas, construíam-nos centros comerciais e até nos ofereciam empregos. Mas desta vez, é mesmo o Mundo quem está fodido. Pela primeira vez nem os países ricos têm dinheiro. Esse está nas mãos dos privados que durante anos andaram a alimentar. Esse está com quem continua a facturar. E nós? Arquitectos, engenheiros publicitários ou atletas, não só crescemos a ouvir "isto está mal" como agora era o discurso mudou para "nunca esteve pior".

Ainda assim, há quem sobreviva e até quem consiga crescer. Sejam os rapazes que fazem iPads, os que vendem "redes sociais" ou os que têm eólicas, há gente a prosperar. Entre os sobreviventes está o nosso estimado desporto. Nunca como hoje os atletas apresentam trabalho - sejam vídeos, fotos, pranchas ou idas a campeonatos - e nunca como hoje existiu uma organização minimamente funcional. Hoje, vemos os mais novos aussies a dar os primeiros passos, vemos os nossos craques a treinar, seguimos os graúdos "live" e até já há alguns que fazem dinheiro a competir. Um luxo de fazer inveja a muitos engenheiros, arquitectos, operadores de telemarketing ou taxista.

Há mais de quinze a ouvir o discurso da crise e sempre com pés-de-pato por perto, não deixo de ter orgulho em ver que o meu desporto está a conseguir crescer no meio de uma falência global. O caminho ainda será longo, não poderão contar com ajudas externas e ninguém acredita que o cenário melhore, mas cheira-me que é desta que o Bodyboard se faz Crescido.

Nasceu de uma prancha partida, sempre foi alvo de preconceitos, mas nunca perdeu os praticantes dedicados, o reduzido índice de wanna bes. O saldo bancário nunca disse outra coisa que não: Falido. Será esse o segredo? Agora que o Mundo partilha o crónico 'status' económico do Bodyboard, a vantagem fica do lado de quem, no campeonato dos falidos, joga em casa.


Basta olhar para o Grand Slam para ver que no Bodyboard estão a conseguir aproveitar a vantagem de há muito saberem como se sobrevive em falência técnica. E nós por cá? Ainda andamos a votar nos Jardins dessas vidas ... Dá orgulho em ser boogie.



Bons Tubos

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