quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Está na hora

Está na hora. Entre os nossos primos bípedes o arranque está previsto para a Gold Coast e sobre isso podem ler o Meia Maré - um blogue que promete acompanhar o surf como há muito deixou de se fazer por cá. Em A Bica, sei de fonte segura, também nunca faltará bodyboard, mas a convera para vocês, seus agarrados, ficará por aqui e como, dizem, estamos a horas do GO em Pipeline ... aqui fica.

Favoritos.
O Hubbard e o Pierre. Não por esta ordem ou por outra qualquer. Podia ser por terem ganho três dos quatro últimos mundiais, por o havaiano ser o melhor bodyboarder do Mundo ou pelo facto do Pierre, no Frontón, ter mostrado o melhor bodyboard de 'heat' da temporada. Podia ser por eu achar que há uma raça especial, muito restrita, que tem tudo a perder e nada a ganhar. Aqueles com surf para vencer todos os heats em que entram e onde, a par de Pierre e de Hubbard, poucos têm lugar. O Player, seguramente tem lá o seu espaço, mas ...

Ameaças.
... ano após ano insiste em desiludir que torce por ele. Quem compra as pranchas e suspira a cada air reverse que o Talentoso Senhor Player faz questão em encaixar sempre que as ondas abrem uma abébia. Ano após ano, Ben Player decide não ser campeão do Mundo e, a cada ano que passa, tornar-se cada vez mas irrelevante na hora das apostas. É ameaça? Para tudo, para todos. E o Mitch Rawlins? Está cumprida a temporada de habituação, ninguém duvida do nível de surf do 'golden boy' e agora todas as frases terminam com pontos de interrogação. Dois exemplos: será já este ano? já terá km de 'heat' suficientes? Começa a ganhar já em Pipe?


Aposta
Mas este ano reservo-me ao direito de fazer uma aposta de reduzida probabilidade de sucesso - André Botha. Os mais novos não se lembram da lenda, contada nas páginas da Bodyboard Portugal, do miúdo sul africano que foi a Pipeline roubar - alguns dizem que literalmente - dois títulos ao Guilherme Tâmega. Os mais novos também não se lembram de como surfava o (entretanto feito) Senhor Botha antes da fritaria em que se deixou cair. Eu, velhinho, lembro-me de quase tudo e não tenho dúvidas que, sendo o regresso para valer, são poucos os que o conseguirão derrotar.

Para os que têm assistido aos vídeos que o sul africano tem largado de Pipeline, desfaço já duas dúvidas - Não, ele não tem quilhas na prancha. A quantidade absurda de água que levanta a cada rasgada é mesmo fruto do talento. Sim, é louco. Não por surfar os closeouts havaianos por diversão, mas por gostar de surfar o Fronton quando os locais dizem que está demasiado grande para entrar, por dropar mais atrás que todos os outros, por gostar de ver a porta da saída fechar, por ser, genuinamente, louco.


Tugaria - "Nã há guita e nã há nível."

Imaginem um heat normal de um Grand Slam da IBA, por altura dos quartos-de-final. Pelo menos um ex-campeão do Mundo tende a estar entre os quatro - para o efeito, serve o Amaury - depois é inevitável ter um candidato - pode ser o Winchester - e uma surpresa - apostamos num local, imaginamos a etapa no Fronton e escolhemos Diego Cabrera. Agora reservem o último lugar para um tuga e façam o doloroso exercício de imaginar o que tinha de acontecer para passarem o heat em primeiro.

Hugo Pinheiro e Manuel Centeno continuam a ser, de longe, os melhores que temos por cá. Provam-no os títulos nacionais que repartem tranquilamente entre a Costa da Caparica e a Invicta, provam-no os podcasts, provam-no os resultados em quase todas as provas em que entram e onde, invariavelmente, terminam à frente da matilha nacional. Agora aparece, ao longe, o Tó Cardoso - que ainda precisa de muito resultado para ter o currículo que comprove o hype em sua volta. Mas não é na água que mais sofremos pela falta de nível. Qualquer um deles, pode ser o obreiro do doloroso feito de vencer um heat nas fases finais de um Grand Slam.

Mas ... "nã há guita e nã há nível"

A guita acabou e fora de água a falta de nível só tem atrapalhado. Com o país a falir, por cá gritou-se que o Nacional era uma merda e que os chefes da APB não passam de uns pulhas em busca de um tacho. Não vou perder tempo a explicar o divertido que é alguém achar que o BB nacional tem dimensão para ter tachos ou a perguntar onde estão os críticos agora que a direcção da APB anunciou a retirada. Também não estou para explicar que ter várias etapas e resumos de boa qualidade em vídeo apoiados em bons trabalhos do Bodyboard.pt é algo que só outra organização conseguiu fazer no ano passado, a IBA. Mas deixo uma pergunta. Se em terra se 'surfasse' com o nível do Pinheiro - vão ver o respectivo trabalho no último Europeu - será que os artistas na água não teriam melhores condições para se mandarem aos tubarões?



P.S: No arranque da temporada, volto a lembrar que a Federação Portuguesa de Surf continua sem explicar o porquê da morte do Mundial em Sintra. Agradeço a atenção dispensada ao meu (nosso) desporto, mas deixo-me ficar a torcer para que a APB volte a cair em mãos competentes e que, desta vez, consigam tirar, de vez, o desporto de uma federação cada vez mais ... inútil.



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