Eu sei, há muitos que defendem que é inútil imaginar cenários que a própria realidade torna impossíveis. Também sei que alguns, onde me incluo, resistem a aceitar o discurso das inevitabilidades, dos caminhos únicos e da certeza que nada, nunca, de forma alguma conseguirá mudar o Mundo.
Eu, inconsciente, estou capaz de apostar que 2013 será um ano trágico para o país e duro, muito duro, para o desporto de que nós tanto gostamos. Sem dinheiro, aparecerão muitos a ralhar, as cenas de ciúmes vão-se repetir, os venenos nos mais diversos meios serão espalhados e, no final, serão os mesmos de sempre a carregar o desporto às costas.
O Paulo Costa continuará a tentar fazer da APB uma estrutura sólida, o MTN continuará de objectiva bem apontada, a Vert irá provar que é possível resistir ao furacão online e na água não quero querer que as nossas "referências" desapareçam. O Pinheiro e o Centeno são crescidos o suficiente para saber que às vezes é preciso levar com o set na cabeça para chegar às ondas perfeitas, o Tó Cardoso saberá perceber que a (mais que previsível) falta de dinheiro em 2013 em nada lhe corta as perspectivas futuras e, com alguma sorte, até os organizadores do Special Edition - esse sim O título do Bodyboard nacional - voltam a aparecer.
Mas se na competição a luta será por não desaparecer, na água, arrisco, vamos continuar a crescer. E assim chego à tal dúvida que, pelo menos para já, os fatalistas classificarão como absurda. O que aconteceria se ao Porkito fossem dadas condições para fazer o Mundial da IBA - assim não acabe ... - na íntegra durante dois anos? Tem linha, tem um à vontade verdadeiramente 'australiano' em ondas grandes e nem por isso deixa de limpar os seus heats quando o mar está em modo ... merda. Surfa bonito, surfa com toda a etiqueta que os juízes exigem e nunca lhe faltou a inconsciência de que nós tanto gostamos e que tanto deve desesperar a sua verdadeira família ...
FAMILIA PODCASTS EP.04 - Porkito Armstrong from Timelapse-Media on Vimeo.
É verdade que no actual cenário o Porkito se arrisca a entrar na lista dos bens preciosos que nós por cá desperdiçámos e que impedimos de chegar ao patamar merecido. Mas não é menos verdade que além dos atributos aquáticos que lhe são conhecidos, o Porkito me parece suficientemente persistente para insistir no desporto a que já deu mais do que recebeu. Por mim, deixo duas garantias: aqui ou noutro endereço, estarei por cá para mostrar os feitos de quem merece e quanto ao Porkito e a IBA até deixo uma sugestão ... em 2014 pode ser que dê para contribuir.
Bons Tubos
domingo, 25 de novembro de 2012
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
A contratação do ano.
A malta no Bodyboard.pt colocava um ponto de interrogação no final da frase. Eu coloco-lhe um ponto de exclamação. A ida de Thomas Robinson da Science para a Found é mesmo a contratação do ano!
Bons Tubos
FOUND / Thomas Robinson from Todd Barnes on Vimeo.
Bons Tubos
quinta-feira, 22 de novembro de 2012
O segredo?
... do twitter do Hubbard.
"Awesome surf with friends, Amazing meal with family, Now on a plane to Canary Islands. I am so humbled by how much I have to be thankful for"
... do facebook do Winchester.
E eu fico a pensar: será que o segredo está na família?
Bons Tubos
"Awesome surf with friends, Amazing meal with family, Now on a plane to Canary Islands. I am so humbled by how much I have to be thankful for"
... do facebook do Winchester.
E eu fico a pensar: será que o segredo está na família?
Bons Tubos
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Ciivis na Gran Canária
Porque o desporto se faz, sobretudo, de quem não é mediático e de quem só corre mesmo por gosto. Aqui fica o vídeo da visita de uns amigos à Gran Canária.
Bons Tubos
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
A corrida solitária de Hubbard
Terá sido isso que matou Maradona. Jogava numa dimensão diferente de todos os outros, a ele as regras da física não se aplicavam, a ele os adversários não conseguiam copiar, a ele a bola obedecia como a nenhum outro. Por falta de adversários à altura ou falta de consistência psicológica, não conquistou todos os títulos que podia ter conquistado. A indisciplina colocou-o fora do Barcelona, a droga afastou-o dos maiores relvados do Mundo e, no limite, do último Mundial onde foi marcar golos.
Hubbard não será o melhor bodyboard de todos os tempos. Esse caneco está com Tâmega que, mesmo que doa aos mais novos, tem seis títulos mundiais, seis vice-títulos e um incontável número de vitórias e lições, de surf, garra e persistência que envergonham a esmagadora maioria dos candidatos a esse estatuto. Maradona foi o melhor jogador da história? O Pelé fez mais golos, Ronaldo tem mais mundiais e o Messi ameaça apagá-los a todos. Em comum, o facto de não terem adversários à altura e fosse a bola o seu desporto, Hubbard estaria entre eles.
Sem habilidades dos júris, sem maldições de ondas ou um ataque dos imponderáveis que também dão encanto ao desporto, ganha. Surfa mais que todos os outros, faz o que mais ninguém consegue fazer e em condições normais é dele a vitória em todos os campeonatos em que entra. Quem disputa o heat pouco interessa, Hubbard compete sozinho.
Em Puerto Rico, o Assassino Sorridente voltou ao lugar que é seu por direito. Limpou quem apareceu pelo caminho, fez um 9 que devia ter sido dez e a meio da final já o bravo Quinonez estava na "combo land" para onde Hubbard se habituou a mandar os adversários.
Depois de Winchester ter passado um quarto da época a ganhar e outro quarto a celebrar um título que ainda não estava assegurado, Hubbard passou para a frente da tabela e o título voltará a ser decidido no Fronton, a onda que muitos chamam "Pipeline do Bodyboard". O palco perfeito para o melhor conquistar o terceiro título mundial da carreira ou para Winchester conseguir a sua vitória mais importante: adiar o inevitável terceiro título mundial do melhor bodyboarder do Mundo. Esse título ninguém lhe rouba.
Bons Tubos
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Carta Aberta ao Paulinho
Começo por pedir desculpa ao Paulo Costa. Se ele tem muitos anos a puxar pelo bodyboard nacional, a abrir caminho para gerações de Pinheiros e Centenos e a forçar o, sempre vagaroso, abrir de olhos dos media nacionais para o nosso desporto, eu - bodyboarder de talento mais que moderado, mas não menos viciado - há muitos anos que o acompanho. Lembro-me de o ver de BZ às cores, lembro-me de ser ele quem me mostrou que os portugueses também dropavam Pipe, lembro-me de há muitos anos me cruzar com ele na minha praia e de ter ganho a surfada quando o "gajo das revistas" me disse: "Boa onda puto". Mesmo que ele não me conheça, eu conheço-o e por isso, esta carta aberta não é ao Paulo Costa, pioneiro, dono de um dos surfs mais bonitos cá do burgo e presidente da Associação Portuguesa de Bodyboard, esta carta aberta é - que me perdoe a familiaridade - ao Paulinho.
Se sempre sofreu de falta ritmo, nos últimos tempos este blog sofreu de um novo mal. O mundo ruiu, faliu às mãos de gente com uma ganância descontrolada que vendeu o que não tinha, comprou o que não existia e que nem tinha como pagar. Durante meses (anos?) fingimos que não víamos o que estava a acontecer, durante meses (décadas) imagina-mo-nos a crescer, nós portugueses e bodyboarders. Agora, o Mundo ruiu, Portugal fechou e o desfecho de mais esta desventura, nas ondas ou no dia-a-dia, é uma incógnita para todos. Dos mais informados aos mais aluados, não há quem saiba dizer como isto acaba. Hoje, Portugal é um país com três milhões de pobres e eu, mea culpa, deixei de conseguir discutir o desporto de que tanto gosto como se fosse o assunto mais importante da vida. Hoje, Portugal é um país com 20% de desempregados.
Mas há quem insista. Este ano, as meninas oficializaram a ultrapassagem - a Rita Pires que consegue uma divulgação única da modalidade - quantas bodyboarders no Mundo têm um programa de televisão? - e a Catarina Sousa - organizadora e competitiva como poucas - tornaram-se nas principais figuras da modalidade em Portugal. O Miguel Nunes é outro - no panorama actual, ser fotógrafo é uma loucura, mais ainda o é se a especialidade for ondas, e ele não só insiste como ainda consegue brilhar? O Pinheiro e o Centeno - será que alguém em Portugal tem dinheiro para fazer o circuito de qualificação para um mundial tão instável e sombrio como o nosso? Duvido. Mas esses dois insistem, não desaparecem e, melhor ou pior, vão servindo de exemplos para um grupo de loucos que querem fazer vida de um desporto que, tal como o nosso país, nunca foi lucrativo.
Em carta aberta, publicada no Bodyboard.pt, o Paulinho pede ajuda para levar a carroça para a frente. Lamenta as críticas de quem não tardou a lançar as primeiras atoradas sobre a etapa dos Esperanças na Nazaré e de quem pouco faz pela modalidade além de lhe apontar as falhas. Por mim, respondo ao apelo. Paulinho, não contes comigo para ir surfar monstros para a Praia do Norte, nem para mandar tubos em seco nos Coxos, mas apita que estou aqui para ajudar.
É evidente que o circuito nacional está a passar por aperto, que os prémios deviam ser maiores, que as etapas podiam ser outras e que a divulgação e a respectiva qualidade podia ser bem diferente. É evidente que alguém - seja a FPS ou APB - devia garantir que os melhores atletas da modalidade tivessem condições para correr o circuito de qualificação mundial, que tudo devia ter webcast e que o Special Edition devia ser anual. Tudo é evidente e tudo cai na mesma falha: não há dinheiro, nem para as cantinas nas escolas, nem para campeonatos de bodyboard.
Mas mesmo assim há quem insista e no ano em que, como país, não só fechámos como ainda tivemos de mendigar ajuda para pagar a fechadura da porta, temos três circuitos nacionais - um Open, um feminino e outro de Esperanças. Terão os defeitos que quiserem, mas existem e no final do ano não só teremos meia dúzia de bodyboarders com resultados para mostrar aos patrocinadores como ainda teremos conseguido dar experiência de heats a putos que se estão a preparar para ... insistir.
Quero etapas na Cova do Vapor, nos Supertubos, na Praia do Norte e nos Açores. Quero um webcast em full HD e quero que paguem ao Pinheiro, ao Tó Cardoso e, já agora, ao Paulinho para que eu os possa ver surfar. Quero que um canal de sinal aberto compre o programa da Rita Pires e que o Porkito e o Faustino tenham vidas que lhes permita continuar a fazer pouco de quem continua a achar que só de mota se surfam os gigantes da Praia do Norte. Quero um Mundial da IBA profissional, sem truques de magia na folha dos heats e na pontuação de manobras, quero um webcast como o da ASP, quero, e quero, e quero.
Mas não há dinheiro. É preciso aguentar, lutar para não perder o que se foi conseguindo ao longo dos anos e, sobretudo, parar de apontar falhas a organizações cuja sobrevivência, mais que nunca, só se deve à insistência de meia dúzia de teimosos. A ti, caro Paulinho, repito: apita que estamos por cá.
Bons Tubos
Se sempre sofreu de falta ritmo, nos últimos tempos este blog sofreu de um novo mal. O mundo ruiu, faliu às mãos de gente com uma ganância descontrolada que vendeu o que não tinha, comprou o que não existia e que nem tinha como pagar. Durante meses (anos?) fingimos que não víamos o que estava a acontecer, durante meses (décadas) imagina-mo-nos a crescer, nós portugueses e bodyboarders. Agora, o Mundo ruiu, Portugal fechou e o desfecho de mais esta desventura, nas ondas ou no dia-a-dia, é uma incógnita para todos. Dos mais informados aos mais aluados, não há quem saiba dizer como isto acaba. Hoje, Portugal é um país com três milhões de pobres e eu, mea culpa, deixei de conseguir discutir o desporto de que tanto gosto como se fosse o assunto mais importante da vida. Hoje, Portugal é um país com 20% de desempregados.
Mas há quem insista. Este ano, as meninas oficializaram a ultrapassagem - a Rita Pires que consegue uma divulgação única da modalidade - quantas bodyboarders no Mundo têm um programa de televisão? - e a Catarina Sousa - organizadora e competitiva como poucas - tornaram-se nas principais figuras da modalidade em Portugal. O Miguel Nunes é outro - no panorama actual, ser fotógrafo é uma loucura, mais ainda o é se a especialidade for ondas, e ele não só insiste como ainda consegue brilhar? O Pinheiro e o Centeno - será que alguém em Portugal tem dinheiro para fazer o circuito de qualificação para um mundial tão instável e sombrio como o nosso? Duvido. Mas esses dois insistem, não desaparecem e, melhor ou pior, vão servindo de exemplos para um grupo de loucos que querem fazer vida de um desporto que, tal como o nosso país, nunca foi lucrativo.
Em carta aberta, publicada no Bodyboard.pt, o Paulinho pede ajuda para levar a carroça para a frente. Lamenta as críticas de quem não tardou a lançar as primeiras atoradas sobre a etapa dos Esperanças na Nazaré e de quem pouco faz pela modalidade além de lhe apontar as falhas. Por mim, respondo ao apelo. Paulinho, não contes comigo para ir surfar monstros para a Praia do Norte, nem para mandar tubos em seco nos Coxos, mas apita que estou aqui para ajudar.
É evidente que o circuito nacional está a passar por aperto, que os prémios deviam ser maiores, que as etapas podiam ser outras e que a divulgação e a respectiva qualidade podia ser bem diferente. É evidente que alguém - seja a FPS ou APB - devia garantir que os melhores atletas da modalidade tivessem condições para correr o circuito de qualificação mundial, que tudo devia ter webcast e que o Special Edition devia ser anual. Tudo é evidente e tudo cai na mesma falha: não há dinheiro, nem para as cantinas nas escolas, nem para campeonatos de bodyboard.
Mas mesmo assim há quem insista e no ano em que, como país, não só fechámos como ainda tivemos de mendigar ajuda para pagar a fechadura da porta, temos três circuitos nacionais - um Open, um feminino e outro de Esperanças. Terão os defeitos que quiserem, mas existem e no final do ano não só teremos meia dúzia de bodyboarders com resultados para mostrar aos patrocinadores como ainda teremos conseguido dar experiência de heats a putos que se estão a preparar para ... insistir.
Quero etapas na Cova do Vapor, nos Supertubos, na Praia do Norte e nos Açores. Quero um webcast em full HD e quero que paguem ao Pinheiro, ao Tó Cardoso e, já agora, ao Paulinho para que eu os possa ver surfar. Quero que um canal de sinal aberto compre o programa da Rita Pires e que o Porkito e o Faustino tenham vidas que lhes permita continuar a fazer pouco de quem continua a achar que só de mota se surfam os gigantes da Praia do Norte. Quero um Mundial da IBA profissional, sem truques de magia na folha dos heats e na pontuação de manobras, quero um webcast como o da ASP, quero, e quero, e quero.
Mas não há dinheiro. É preciso aguentar, lutar para não perder o que se foi conseguindo ao longo dos anos e, sobretudo, parar de apontar falhas a organizações cuja sobrevivência, mais que nunca, só se deve à insistência de meia dúzia de teimosos. A ti, caro Paulinho, repito: apita que estamos por cá.
Bons Tubos
domingo, 4 de novembro de 2012
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