sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Merda que não percebo

Hoje surfei trinta centímetros de onda. Numa 6'4, daquelas NSP. Uma traição. Lamento, mas a semana foi dura e se é verdade que já não tenho paciência para bodyboard sem ondas não é menos certeiro dizer que ficar fora de água me parecia mais angustiante que a declaração com hora marcada - 19.20.

Pois que o país faliu. Não há sector que não esteja falido, que não tenha mais dívidas que bens ou que não esteja em reestruturação - palavra que, recentemente, se fez sinónimo de Despedimentos. Foi gira esta discussão. "Não é justo cortar dois subsídios à função pública", disse o Tribunal dos juízes que PSD e PS lutam por nomear. Meia dúzia de meses depois, chega a mais brilhante das soluções. Tira-se um subsídio aos privados, outro aos públicos e sobem-se as contribuições para a segurança social em todos ordenados - um subida de qualquer coisa como 7%, o equivalente a mais um ordenado. Mas para animar, o rapaz dos pequenos Passos ainda guardou a derradeira das piadas - vai reduzir dois porcento as contribuições das empresas à mesma da segurança social.

Já vos disse que hoje fui para a água sem pés de pato e com uma prancha absurdamente desconfortável? Mas fui. Hoje, sabia que ninguém devia estar em terra. Pelo menos enquanto o rapaz dos Passos tivesse tempo de antena na televisão que ele diz desnecessária. É verdade que até gostei da breve sensação de deslizar no 'verdinho' da onda. É engraçado, tranquilo e imagino que bem feito seja mesmo muito engraçado enfiar 'biqueiradas' em lips aguerridos. Sim, eu herege, até percebo os nossos irmãos bípedes. Agora, há merdas que não percebo.

Cortam em todos os direitos, guardam todos os privilégios da malta da quintinha e ainda gozam no final. Não sejam "piegas", "emigrem" ou o mais recente "desculpem lá, mas tenho mesmo de insistir na receita" que nunca funcionou. Eu, bodyboarder que já sabe o que fará no próximo dia sem ondas, percebo algumas merdas. Há outras que me ultrapassam. Vai mesmo tudo continuar parado? A fingir que não se passa nada? Vai tudo continuar a remar no pico, indiferentes ao rapaz que não pára de despejar merda no água? Não há quem o afogue?

Hoje, no sitio onde já vi partir ondas, dei por mim a pensar no bodyboarder que na última VERT (a melhor edição dos últimos anos) respondeu 'Miguel Relvas' à pergunta 'Qual é o teu político favorito?'. Há mesmo merdas que não percebo... Hoje não há cá links para 'bifes' a partir ondas que a maioria de nós, o rebanho do Passos, nunca chegará perto. Hoje deixo-vos um desafio. Vão ao Google, escrevam Passos Coelho ou Miguel Relvas e acrescentem "emprego". Está a valer um anti-depressivo (podem usar no dia em que virem o recibo do ordenado de Janeiro) para quem encontrar um - seja no currículo dos rapazes de São Bento, seja no país que os deixamos conduzir.



Bons tubos

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