terça-feira, 14 de agosto de 2012

Definhou

Será o equivalente a ver um amigo a quem se mostrou o bodyboard trocar a prancha e os pés de pato por uma daquelas coisas de quilhas afiadas. Um sentimento próximo do que sentirá quem ensinou alguém a escrever e depois vê as palavras escarrapachadas em romaces de cordel. É esse o sentimento a cada visita ao Palavras. Não é fácil ver uma boa ideia desaproveitada, ver um bom fórum mal utilizado ou uma boa aparelhagem dar voz a quem não tem nada para dizer...

Estava lá quando nasceu. Por lá fiz entrevistas, comentários, piadas (boas e más), por lá troquei provocações e fui mal interpretado. Por lá, no endereço que começou como passatempo e que o número de visitas tornou sério, tive o gozo de ver a comunidade das ondas aparecer numa altura em que o desporto crescia. Na Nazaré o Special Edition tornou-se num dos melhores campeonatos do Mundo, a IBA renasceu, os atletas começaram a acordar para a realidade do mundo 2.0 e … o Mundo faliu. Na Nazaré, aposto, o orçamentou encolheu, ao segundo ano a sério a IBA já luta para cumprir todas as etapas e dos nossos, entre a elite, já nem sinal. Falta muita coisa ao nosso desporto, mas nunca teve falta de teimosos.

Há quem faça blogs, sites, fóruns, quem abra lojas e quem invente marcas. Há quem lance marcas de pranchas nacionais num mercado obcecado com o carimbo aussie e quem insista em montar um campeonato nacional num ano em que o país fechou. Pasmem-se. Há mesmo quem consiga que Sintra, sem ondas e sem dinheiro, continue a receber a elite do Mundial de Bodyboard. Teimosos.

No Palavras a realidade é outra. No Palavras, longe do que ajudei a fundar, agora há posts anónimos - serão editoriais num blog que há muito perdeu o Norte? - copiam-se ideias - será que acidentalmente se lembraram do Zandiga horas depois de eu por aqui o ter referido? – e perdeu-se a noção do que é ter um porta aberta para mais de mil pessoas por dia. Dirão que é privado, que é deles, que é liberdade de expressão. Dirá o autor do post de "merda", que é um direito constitucional. Dirão muita coisa e, lamentavelmente, serão lidos por muitos.

Sei bem o que é ser mal interpretado. Por lá, confundiram críticas à VERT com tentativas de boicote - e eu continuo, seguramente, a ter uma das maiores colecções de revistas de bodyboard nacionais em casa - chamaram-me tudo por falar das ondas açorianas - e mais não disse além de um "não escondam, defendam e facturem" - mas sempre tive grande dificuldade em defender a censura nos comentários e outros truques que por lá agora se tornaram regra. Não vou perder tempo com explicações profundas sobre a liberdade de expressão com quem nunca as perceberia e resumo a coisa em linguagem de tiras de BD. "Com grande poder, vem grande responsabilidade", a frase é do Stan Lee, pai do Homem Aranha, e uma lição que pelo Palavras alguém deveria registar.

Por mim, continuarei a passar por lá. A lembrar-me das saudáveis
discussões com o "desaparecido" HM - entre os fundadores, seguramente, o que mais sabia de Bodyboard - das piadas do DC – desaparecido em combate - e dos devaneios do meu amigo Mr Charles - louco o suficiente para fazer disto vida e ainda perder tempo a irritar-se com gente que, manifestamente, não merece atenção.
É pena. Deixei o blog cansado das polémicas e convencido que estava bem entregue, mudei-me para aqui na esperança de voltar a ter um poiso tranquilo onde pudesse escrever sobre as minhas ondas, sobre o Hubbard e sobre os outros, sobre a tugaria que anda teimosamente a tentar voltar aos Grand Slam, sobre o que me apetecesse. Estava enganado. O Palavras entrou numa espiral de esquizofrenia. Posts sem sentido, ‘contratações’ sem critério – se entraram alguns reforços atlânticos que sabem de Bodyboard, também entraram portugueses inimputáveis –, comunicados publicitários e até a censura apareceu na caixa de onde (misteriosamnente) desapareceram os comentários … Como quem vê um filho definhar, hoje é penoso visitar o Palavras.

Dificilmente me apanharão a dizer que o Palavras de Sal é uma “merda”, cheio de “meninos” que não sabem nada de Bodyboard e que vivem num mundo imaginário. Dificilmente me apanharão a dizer que não percebo como é possível um blog que tem o Nuno Trovão (que eu não conheço) entre os colaboradores não o aproveitar para evitar escrever barbaridades. Isso nunca. Pura e simplesmente terei de deixar de lá ir, convencer-me que por lá não se aprende nada, e que o que já foi a melhor montra para o bodyboard nacional, entretanto se transformou numa piada de mau gosto. Tenho pena, muita pena.

Fiquem com o que de mais bonito o Bodyboard tem ...




Bons Tubos

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