sexta-feira, 15 de junho de 2012

Como matar um Animal

Foi há um par de anos. Final em Sintra, Hubbard e Hardy na água e o título mundial bem visível no horizonte. Na areia, a divisão não podia estar mais vincada. De um lado a multidão groupie dos aussies a que, naquele momento, se juntavam alguns esclarecidos - o Hardy tinha o surf mais bonito do Mundo, merecia (e merece) um caneco que oficializasse o seu estatuto como um dos melhores e tinha passado por muito para ali chegar - na bancada de apoio ao senhor da Vs. Do outro lado, eu e mais uns quantos - o Hubbard era - acrescento, e é - o melhor bodyboarder do Mundo, estava na hora de agarrar outro caneco e de ficar mais próximo do hat trick que, finalmente, o colocará acima da multidão de bi-campeões do Mundo em que insiste em pernoitar.

O que se viu na água, foi inesquecível. Não estoiravam bombas na areia, não abriam tubos, nem a onda estava - sequer próxima - entre as melhores do Mundo, mas nada disso travou o "Assassino Sorridente". Em meia dúzia de minutos, fez mais de quinze pontos, não parou até ao final do heat e deixou o Hardy no lugar de espectador. Não só o matou como lhe mostrou que naquele dia mais valia recolher à praia e sentar-se entre os amigos aussies a ver como surfava o melhor do Mundo. Nesse dia, Hubbard matou um dos maiores bodyboarders do Mundo. Nesse dia, o havaiano colocou as duas mãos no caneco que seria seu no final do ano.

Não terá sido nem a primeira, nem a maior e, espero, não a última lição que Hubbard deu no Mundial de Bodyboard, mas foi uma que muitos aprenderam. Em Itacoatiara, o Winchester mostrou o que tem crescido. Naquela que terá sido a única etapa em que os aussies não jogam em casa, o 'cenourinha' só precisou de um air reverse para deixar o recado para a praia - "a final é minha" -, para deixar o recado no pico - "é escusado uivar, já foste" - e para meter as duas mãos no caneco que há cinco anos não pára pelo calhau. Na primeira onda do heat, Winny mostrou como se vence uma etapa contra a vontade dos juízes e como se mata não um, mas "O Animal", o único que não há quem tema, o alteta da casa, o melhor bodyboarder da história. Alguém se lembra de outro competidor capaz de ganhar duas finais consecutivas ao GT?

Há manobras assim e para mim, em Itacoatiara Winny mostrou porque vai ser campeão do Mundo em 2012. Qualquer outro desfecho será**, in my book, uma injustiça.



Bons Tubos




** A menos que o Hubbard acorde e os comece a limpar a todos. Nesse caso, lá terei de celebrar como se fosse um golo ... contra a Holanda.

1 comentário:

  1. Mais uma vez, vitória mais do que justa do Winny. Entre os aussies, ele é o meu preferido, não só por ser um excelente rider, mas também pela sua humildade de sempre.
    Acho difícil alguém tirar o título dele, teriam que fazer o mesmo que ele fez.
    Acho que apenas o GT ou o Jeff podem fazer tal milagre, apesar de ser muito difícil.
    Em relação ao GT, estava torcendo por ele (como sempre), mas só a vitória contra o Mitch, depois de ele ter falado com certa arrogância que "queria pegar o GT", já valeu ter assistido o webcast!
    Em relação a polêmica do heat do GT contra o Uranga, vi ontem no youtube, realmente aquela última onda não era 8 nunca. Agora, aquela primeira onda do Uranga também não era um 7, nem dá pra ver se ele completou aquele inverte. Além disso, o Tâmega teve duas ondas mal julgadas. A primeira que foi um tubo saindo de um invert (melhor que o do 7 do Uranga, diga-se de passagem) e só recebeu um 6.45, quando acho que deveria receber de 7,5 a 8. A outra foi uma em que ele mandou um pequeno air forward e depois mandou um ars e um rollo e só recebeu um 5.5! Também acho que deveria ser na casa dos 7. O problema é que essas ondas sequer foram computadas como as duas melhores do Guilherme, o que mostra o péssimo julgamento para ambos os lados. Enfim, falou-se mais sobre a última onda, mas acho que o GT teve um desempenho melhor no heat e merecia ganhar, não pelas duas ondas que foram computadas como as melhores dele, mas pelas duas que citei acima.

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