A IBA lançou mão à obra para tentar salvar a etapa de Puerto Escondido. A ideia é passar aqui, comprar um kit e ganhar - além de tshirts e afins - o direito a ver os melhores do Mundo no pipeline Mexicano.
Sou capaz de arriscar que estes três rapazes usaram o mesmo truque que eu quando chegou o dia de me estrear na Praia do Norte. É simples. As ondas são assustadoras? O melhor é ir num dia de ondulação nula.
Eu fui recebido por um simpático metro, a rebentar na, não tão simpatica, areia e ainda voltei a terra de sorriso na cara. Estes três imberbes não terão tido a mesma sorte. Arriscaram, diz o You Tube, em Shipsterns e diria que não chegaram a fazer onda nenhuma.
No passeio habitual pelo PdS tropecei num video de verdadeiro serviço público. Uma reportagem sobre o nosso circuito profissional em 1997. Sim, em 1997 tínhamos um circuito profissional e, pasmem-se, um programa de televisão com gente suficientemente dedicada para fazer um bom trabalho.
Gonçalo Faria, Paulinho Costa e o grande Nuno 'Batata' Leitão já por lá andavam. Arrisco que será pelos anos em que foram a Pipeline fazer um brilharete...
Agora, alguém me explica porque passados tantos anos, não estamos necessariamente melhor?
Diz que o melhor bodyboarder de sempre é Mike Stewart e que é Mitch Rawlins o melhor da actualidade. David Winchester, líder do Mundial e senhor do bodyboard mais bonito do circuito, aceitou - pasmem-se - responder a meia dúzia de perguntas de um blog obscuro, escrito numa língua que não é a sua e deixou, para quem a quiser perceber, um recado claro. Há um trabalho para ser feito e ele só tem de continuar a surfar como até agora para o terminar. Alguém duvida que o Winny vai acabar por levar para a aussieland um caneco que foge desde 2009? O próprio, aponta para Rawlins, Tâmega, Hubbard e Player como as principais ameaças, mas eu arriscaria que o título está seguro. Tão seguro como pode estar a pouco mais de meio da temporada. Tão seguro como pode estar quem até agora não se tem cansado de exibir o melhor bodyboard do circuito. Será que o segredo está nas ondas europeias?
Winny speaks.
1. Quando aterras aquele air reverse sentiste que a final era tua? Yeah. Depois disso fiquei confiante porque sabia que estaria nos 9's. Antes da final, o Benny P e os rapazes disseram que se eu conseguisse um daqueles e acabasse na praia apareceriam para me dar uns hi 5's e aconteceu. Louco.
2. Duas finais contra o GT e duas vitórias. Qual é o segredo para derrotar o GT? Costumava deixar que o hype me afectasse. O GT é fantástico e tenho muito respeito por ele, mas tinha de preocupar mais comigo do que com ele. É sempre preciso tentar grandes manobras porque ele vai andar sempre perto. Go big.
3. Puerto or Sintra, se ganhares o próximo evento, acho, o título será teu. Onde esperas conseguir um melhor resultado? Agora não há Puerto, mas penso que seria melhor que em Sintra. Fico mais confiante com ondas de algum tamanho. É fazer figars para que Sintra entregue das boas. Agora vivo próximo de beachis franceses e tenho tido bons treinos.
4. A última vez que um australiano venceu o World Tour foi em 2009. Já sentes a pressão? Sem pressão. Estou onde queria estar e só tenho de completar o trabalho. Os outros têm muito trabalho pela frente e eu só tenho de me continuar a preocupar comigo e a surfar como tenho feito até agora. Está a saber bem.
5.Quem são as principais ameaças? Mitch, GT, Jeff ou Benny P.
6. O campeão do Mundo em título vive em Portugal, agora tu vives em França. O segredo do sucesso está nas ondas Europeias? Ah ah. Tem graça não tem? Não tenho a certeza, pode ser só coincidência, mas a verdade é que por aqui se pode surfar muito em todas as condições.
7. Quando crescias, quem eram os teus bodyboarders favoritos? Stewy, Ross Mcbride, Maligs, Phil Harsburger, Fred Booth e muita influência americana. E os australianos, os rapazes de Cronulla, Hardy, Ben e Mitch.
8. Lembraste do momento em que decidiste ser um bodyboarder profissional? Foi quando disse à minha mãe que ia deixar a faculdade. Surfo três vezes por dia. Ah ah. Tenho mesmo muita sorte.
9. Consegues destacar o melhor bodyboarder de sempre? Stewart.
10.Quem é o melhor bodyboarder do Mundo? Nesta altura é o Mitch. Está onfire.
É fácil estar deprimido em Portugal. Dos assuntos mais sérios aos mais triviais, não têm faltado notícias más cá pelo burgo. Mandam os alemães, há miséria, o Benfica insiste em não ser campeão, não temos nenhum português na Grand Slam Series e já não apanhei um bilhete para os Radiohead.
É nestas alturas que é preciso citar os Monty Python e olhar para o "bright side of life". Afinal, no nosso campeonato nunca se desperdiçariam ondas destas, afinal basta ver os resultados do Liverpool para ver que o Benfica nem está assim tão mal, basta ir a uma praia com ondas para ver que o nível médio é bom e podemos sempre pensar no bilhete para os Ornatos Violeta que já lá está em casa.
Depois, podemos pensar que os nossos surfam assim.
Foi há um par de anos. Final em Sintra, Hubbard e Hardy na água e o título mundial bem visível no horizonte. Na areia, a divisão não podia estar mais vincada. De um lado a multidão groupie dos aussies a que, naquele momento, se juntavam alguns esclarecidos - o Hardy tinha o surf mais bonito do Mundo, merecia (e merece) um caneco que oficializasse o seu estatuto como um dos melhores e tinha passado por muito para ali chegar - na bancada de apoio ao senhor da Vs. Do outro lado, eu e mais uns quantos - o Hubbard era - acrescento, e é - o melhor bodyboarder do Mundo, estava na hora de agarrar outro caneco e de ficar mais próximo do hat trick que, finalmente, o colocará acima da multidão de bi-campeões do Mundo em que insiste em pernoitar.
O que se viu na água, foi inesquecível. Não estoiravam bombas na areia, não abriam tubos, nem a onda estava - sequer próxima - entre as melhores do Mundo, mas nada disso travou o "Assassino Sorridente". Em meia dúzia de minutos, fez mais de quinze pontos, não parou até ao final do heat e deixou o Hardy no lugar de espectador. Não só o matou como lhe mostrou que naquele dia mais valia recolher à praia e sentar-se entre os amigos aussies a ver como surfava o melhor do Mundo. Nesse dia, Hubbard matou um dos maiores bodyboarders do Mundo. Nesse dia, o havaiano colocou as duas mãos no caneco que seria seu no final do ano.
Não terá sido nem a primeira, nem a maior e, espero, não a última lição que Hubbard deu no Mundial de Bodyboard, mas foi uma que muitos aprenderam. Em Itacoatiara, o Winchester mostrou o que tem crescido. Naquela que terá sido a única etapa em que os aussies não jogam em casa, o 'cenourinha' só precisou de um air reverse para deixar o recado para a praia - "a final é minha" -, para deixar o recado no pico - "é escusado uivar, já foste" - e para meter as duas mãos no caneco que há cinco anos não pára pelo calhau. Na primeira onda do heat, Winny mostrou como se vence uma etapa contra a vontade dos juízes e como se mata não um, mas "O Animal", o único que não há quem tema, o alteta da casa, o melhor bodyboarder da história. Alguém se lembra de outro competidor capaz de ganhar duas finais consecutivas ao GT?
Há manobras assim e para mim, em Itacoatiara Winny mostrou porque vai ser campeão do Mundo em 2012. Qualquer outro desfecho será**, in my book, uma injustiça.
Bons Tubos
** A menos que o Hubbard acorde e os comece a limpar a todos. Nesse caso, lá terei de celebrar como se fosse um golo ... contra a Holanda.
A notícia anda a rodar nas redes sociais. Um tal de Damien Martin fracturou seis vértebras a fazer o que nos faz correr a todos para a praia. A leboogie mostra como foi.
... bicadas sobre a etapa nas marrecas do Brasil, to follow...
A primeira, para a maravilhosa ironia de ver queixas sobre o Guilherme Tâmega ser 'empurrado'. Não me surpreende e sei o que custa a quem chora - nunca é bom provar o próprio veneno.
A segunda. Depois das ondas que hoje vi e que me fizeram trocar o computador por um simpático final de tarde a ver Portugal vencer apesar do Ronaldo, por favor, que nunca mais ninguém se chore com as ondas de Sintra.
O caminho faz-se caminhando e o nosso querido desporto insiste, ainda que a custo, em caminhar. Hoje deixo-vos com uma enorme notícia. Alguém sabia que, graças à Escola de Bodyboard Linha de Onda e a um presidente de câmara desempoeirado, o Bodyboard fez parte do plano curricular dos alunos do 4ª ano da Escola dos Quatro Caminhos em Matosinhos?
Por motivo laborais, hoje não vi a prova em Itacoatiara. Sei que o meu estimado Hubb foi à vida, que o Hardy seguiu o mesmo caminho e que o Bodyboard viveu um dia histórico: o Michael Novy venceu um heat!! Amanhã há mais e, se tudo bater certo, as finais serão no feriado.